domingo, 28 de agosto de 2011

weWATCH | Scenes from the Suburbs


Em agosto de 2010 o Arcade Fire lançou um dos álbuns mais bem criticados do ano. The Suburbs figurou nas listas de fim de ano de melhor álbum de 2010 em inúmeras publicações e sites pelo mundo afora, como NME, Time, Clash, Rolling Stone, Spin, entre outros. A banda de Montreal também conseguiu um feito um tanto quanto difícil no mundo do indie rock: levaram o Grammy de Álbum do Ano em 2011, desbancando artistas como Lady Gaga e Eminem. Além do Grammy, figuram também na estante da sala (ou do banheiro) da casa dos integrantes o BRIT Award de Melhor Álbum Internacional e o Juno Award de Álbum do Ano. O release imponente de 16 faixas do octeto canadense encantou o mundo inteiro, inclusive este que vos fala, com melodias magníficas e letras que retratam os conflitos e as aflições da vida nos subúrbios, inspiradas na experiência de Win e William Butler de crescer nos arredores de Houston. 


Tamanha obra prima serviu de inspiração para um curta-metragem, em parceria com o diretor Spike Jonze, responsável por filmes como Being John Malkovich (1999 - Três indicações ao Oscar e quatro ao Golden Globe), Adaptation. (2002 - Ganhador de um Oscar e de dois Golden Globes) e Where the Wild Things Are (2009 - Uma indicação ao Golden Globe). Jonze também dirigiu clipes lendários como "Sabotage" dos Beastie Boys e "Buddy Holly" do Weezer. Os irmãos Will e Win Butler recebem crédito pelo roteiro do curta, juntamente com Jonze. 

Scenes from the Suburbs, que estreou no Berlin International Film Festival em fevereiro, acompanha a vida normal (ou forçadamente normal) de um grupo de pré-adolescentes em uma realidade alternativa apocalíptica em que as cidades vivem travando guerras entre si por motivos banais, como se uma cidade construísse um campo de golfe perto demais das fronteiras ou se um shopping center emitisse muita poluição de luz. Há definitivamente um senso de paranoia no curta, em que a principal concepção da sociedade em seus relacionamentos passa a ser a suspeita no lugar da confiança e não é explicitado o motivo desse comportamento terrorista-individualista. 

Kyle (Sam Dillon) é o protagonista que narra as suas lembranças do verão em que é retratada a história dele e de seus amigos vivendo uma adolescência aparentemente normal, até o ponto em que militares começam a aparecer por todo o lado interrogando, revistando e por vezes matando os moradores do pequeno subúrbio. Apesar de todo esse caos, eles tentam viver sem ser afetados por isso, até que Winter, o melhor amigo de Kyle, começa a mudar o seu comportamento logo após seu irmão “sair” de algum lugar. 

Na primeira vez que eu vi o clipe de The Suburbs, que é uma versão editada do curta e que foi lançado meses antes, fiquei muito encucado com o porquê das constantes guerras entre os subúrbios e o porquê da mudança de postura de Winter. Depois de assistir o curta inteiro percebi que Kyle representa a esperança da humanidade e da juventude, através de seu otimismo e bom humor e Winter representa a maturidade, com o seu pessimismo e conformidade. Na cena de jantar, o irmão de Winter pergunta para Kyle: “Você gosta da humanidade?”. E este responde: “Sim, sim senhor”. “Por que?”, o outro pergunta com cara de desprezo. Nesse diálogo percebemos o quão “jaded” e “hopeless” os adultos se encontram e a mudança de Winter talvez represente o amadurecimento e a internalização da dura realidade, e no contexto do filme, a saída da “bolha otimista” em que os jovens vivem. Quando Winter diz para os amigos que ele “...irá acordar de um sonho” e que “...não sabe o que acontecerá com eles no mundo dele” talvez seja a maneira dele dizer que ele irá “crescer”. Tudo isso é a minha interpretação e é possível que ela esteja completamente equivocada. 

Além do curta, duas faixas inéditas ("Culture War" e "Speaking in Tongues") fazem parte da edição de luxo do álbum (CD+DVD), lançado no dia 27 de junho desse ano. 

Scenes from the Suburbs serviu também como clipe para a faixa título do álbum, "The Suburbs", em uma versão editada:


2 comentários:

  1. Sabe que eu gostei mais da versão editada (belamente editada, diga-se de passagem) do que do curta em si? O clipe tem um certo ar de mistério, uma urgência, não sei... O curta acaba matando um pouco desse clima. Mas é muito interessante, sem dúvida.

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  2. Só li metade do post.
    Fiquei com muita vontade de ver o curta e preferi evitar spoilers.
    Essa música é linda! Daquelas pra você sair correndo com a sua bicicleta e não olhar pra trás!

    Beijos,

    Mari

    http://cxdamari.blogspot.com.br/

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